Gostaria que os leitores neste momento tentassem imaginar a seguinte cena:
22:15H, toca o celular... eu e meu esposo acordamos, ainda meio sonolento, ele atende...
- Oi mãe,
- Estava dormindo, filho?
- cochilando... pq a senhora está com essa voz?
- o teu pai acabou de me contar uma coisa
- o que mãe?
- me disse que vc estava naquele movimento dos Pm´s isto é verdade?
- aham, estava mesmo! pq?
- meu filho pq vc fez isto?
- isto o que mãe?
- o que??? pq vc foi pra essa rebelião?
- que rebelião, minha mãe?
- ora que rebelião!?!, esta que vc foi! teu pai disse que tu vai perder até a farda, ele disse que viu o pessoal do ministério público falando isso na tv, não consegui dormir até agora, só pensando nisso. (choro)
- mãezinha, calma, não é nada disso.
- como calma filho, como calma?
- mãe, a senhora confia em mim?
- claro que que sim, pq?
- então escute e se acalme. Olhe, fizemos um ato pacífico, reivindicando nossos direitos, só fizemos aquilo que todo mundo faz e a senhora bem sabe desde quando o governo está nos cozinhando em "banho maria" né?
- sei, filho.
- pois é, seu filho não fez nada de ilegal, se aquilo fosse um ato fora da legalidade a senhora sabe que o seu filho não estaria lá, não sabe?
- sei, filho
- então pronto
- filho mais acabou né?
- mãezinha, só vai depender do governo
- então diga pra sua mãe que se tiver outro vc não vai.
- mãe, não vou mentir pra senhora... mas deixe eu lhe pedir uma coisa..
- pede, filho.
- se o governo não for sensato, quero que a senhora vá comigo no próximo manifesto, daí, se a senhora ver algum excesso eu deixo o protesto e lhe levo pra sua casa.
- tá bom filho
- ah, só tem mais uma coisinha
- o que?
- a senhora vai ter que segurar cartaz e aprender a cantar o hino da polícia militar, urgente viu! não quero a senhora fazendo feio.
- (risos dela) tá bom.
- agora se acalme e vá dormir, Deus é conosco mãezinha. Amanhã passo na sua casa e conversamos mais tá?
- tá bom filho
- a benção mãe
- Deus te abençoe, filho.
22:18 H, final da ligação.
Depois disto, a minha sogra disse que se acalmou e cedo ligou perguntando se meu esposo não ia passar na casa dela pra levar a letra do hino. (Meu esposo vai continuar sendo sempre um bebezinho pra sua mãe)
Aqui em casa, todos agora somos mais um pouco POLÍCIA MILITAR, já aprendemos inclusive o hino.
Mas conversando com meu esposo ele disse que não havia gostado de saber que sua mãe havia se sentido ameaçada pelas declarações na mídia (e se tivesse acontecido algo de ruim com ela? o M.P iria dizer que a culpa era do meu pai? ou da reportagem? Esta foi a indagação do meu esposo) Ainda bem que apesar da idade, não aconteceu nada de mais grave com minha sogra, não sei o que seria do meu esposo, ele é muito apegado a ela. Meu esposo disse que sabe que a AME não vai deixar barato e a justiça será feita.
Quanto as acusações fico a imaginar...
Naquele dia, antes de meu esposo sair de casa, vi ele escondendo sua arma em nosso quarto. Perguntei pra ele o que houve? (é mais fácil ele sair sem cuecas do que sem a arma dele. Ele diz que é policia 24 horas, mas, sei que só sai de casa armado devido ao número de desafetos que ostenta desde que ingressou na PM, se bem que eu já vi ele atender ocorrencia na hora de folga e desarmado)
Ele me disse: filha vou terminar de pagar as contas que ainda dá pra pagar, as mais urgentes, e vou passar no manifesto da PM, não posso está armado por lá; quem estiver armado por lá comete crime.
Respondi-lhe: mentira. E teu porte que tanto tu ralou pra conseguir?
ele disse: isto é outra história. Hoje o negócio é diferente, deixa pra lá, depois te explico.
Depois que eu vi as reportagens eu entendi pq ele deixara a arma em casa.
Quando eu fiquei sabendo, fiquei nervosa como a minha sogra, e perguntei se ele era louco de participar daquilo. Ele pegou um livro da estante e leu pra mim, explicando-me por minutos em que estavam tentando enquadrar o caso do movimento. Apesar do meu pouco conhecimento em matéria de direito, as explicações dele me deixou tranquila.
Se ele tivesse me avisado do teor do movimento eu teria dado um jeito de deixar as crianças com alguém e teria ido com ele, quem sabe até ter me alistado à frente do movimento das mulheres dos PM´s. Só sei que no próximo movimento estarei com ele cantando hino, segurando cartaz, ah, e sem arma.
Anônimo
Nao podemos concordar com eles, não somos bardeneiros, pelo contrário somos cidadaos horados e somente reinvidicando nosso direito contitucional de nos manifestar. A luta continua companheiros.
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