domingo, 19 de julho de 2009

Notícia publicada pelo Jornaal A Tribuna

PIB de interior, violência de metrópole

Para início de conversa, foi solicitado à direção da Polícia Civil o levantamento do número de furtos e de roubos no Estado. A primeira exigência do setor de estatística para disponibilizar informação foi o envio de um ofício. A correspondência foi enviada há três meses.


“Não vamos entregar uma arma carregada para imprensa atirar na nossa cara. Os dados são altos demais para ser divulgados”, foi a resposta dada por um dos funcionários da assessoria do órgão de segurança por telefone.


Segundo pesquisa informal nas filas formadas nas delegacias de Rio Branco, por dia são mais de 36 furtos e roubos. Hoje, a maior democracia do Acre é exercida pelos assaltantes, eles não escolhem classes sociais.


Prova disso é o caso do senhor Raimundo Freitas da Silva, de 67 anos, preso no início deste mês, acusado de tentativa de homicídio. Ele não aguentava mais fazer queixa à polícia dos constantes furtos em sua casa, por isso tentou resolver o problema sozinho.

Polícia para quem precisa
Essa também é a ideia cogitada em muitas associações de bairros. Os moradores esboçam projetos de segurança que não incluem a ajuda do governo.


Eles defendem que a aproximação dos gestores do sistema de segurança com a sociedade é necessária, pois, quando se recorre aos gabinetes para tentar conversar com as autoridades, nem sempre os líderes comunitários são recebidos. Os assessores são treinados e não deixam os representantes das comunidades chegarem aos responsáveis pelas políticas de segurança pública.


Os próprios policiais civis reclamam da falta de diálogo com a direção geral do órgão. “Falta tudo para gente: coletes, armas, material de expediente e, ainda por cima, em algumas delegacias, exigem aos investigadores que deixem as armas após o expediente”, reclamou um policial que pediu para não ter o nome publicado.


Nem as igrejas escapam da ação de criminosos. Eles arrombaram a igreja da comunidade São José do Operário, no bairro Aeroporto Velho. Furtaram todo o equipamento de som, usado para a celebração da missa. Como afirmou um vereador de Rio Branco, isso deve ser mesmo o fim do mundo, o apocalipse.


(Gilberto Lobo)




Notícia publicada pelo Jornaal A Tribuna

Edição do dia 19 de julho de 2009

2 comentários:

  1. É um grave engano querer avaliar o grau de insegurança pelos registros do CIOSP, o problema de segurança pública do Acre é muitíssimo mais grave. E é fácil entender isso: O CIOSP e as Delegacias de Polícia só possuem informações sobre as ocorrências registradas pelas vítimas, isso representa um numero bem inferior àqueles que realmente ocorreram. São às denominadas subnotificações, ou seja, são ocorrências que de fato ocorreram mais que as vítimas não procuram as autoridades para o devido registro. Estudos estatísticos revelam que o numero de subnotificações é bem superior aos de ocorrências registradas, esse numero aumenta ainda mais quando se trata de crimes patrimoniais que envolvem objetos de menor valor e outros crimes. O numero de subnotificações tende a aumentar, na mesma proporção que diminui a confiança na capacidade do estado de solucionar esses problemas. Tal fato colabora para o clima de insegurança e fornece dados cada vez mais imprecisos sobre a criminalidade. Quando o governo alardeia que o número de ocorrências de um determinado crime diminuiu ou mesmo “zerou” devemos tentar saber se de fato quem “zerou” não foi a confiança das vítimas na gestão da segurança pública. É comum ouvir dizer “fui roubado, não vou registrar porquê é perda de tempo, não vai dar em nada mesmo.”

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