segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DE QUE SOMOS FEITOS?

Quando entrei no ônibus em regresso a minha cidade, chorei. No escuro e na solidão daquele ônibus, cenas da velha Rio de Janeiro passando pela janela, chorei. Antes, e, após esvaziar os bolsos, constatar que o dinheiro não dava pra voltar pra casa.
Neste clima de tristesa, desilusão, abandono, esta pergunta veio em minha cabeça: De que somos feitos? O que nos faz homens e mulheres, o que no s motiva, o que somos realmente?
Um amontoado de covardes, que mal luta por sua sobrevivência? Que por medo, covardia ou sei lá o que, não é capaz de levantar sua voz e lutar por sua dignidade? Onde está a nossa moral, a nossa honra, a nossa coragem?

De que somos feitos?
Muitos dizem que a profissão de policial é difícil. Não é nada, é fácil demais! É muito fácil conviver com o perigo, arriscar sua vida todos os dias, ser ameaçado, conviver com injustiças, trocar tiro com bandidos, ser ferido. Morrer é muito fácil. É fácil ver seu filho lhe pedir um tênis e você não poder compra-lo. É fácil ter a luz cortada. É fácil sair de casa e não saber se vai voltar. É fácil enfrentar labaredas de fogo, arriscar sua vida por alguém que você nunca viu e nunca mais verá. É fácil demais transformar delegacia em presídio e um ou dois policiais tomar conta de cem presos. É fácil sentar diante de um juiz ou promotor e se r mais mal tratato que o bandido que você prendeu. Facílimo é ser humilhado por superior hierárquico, mais fácil ainda é ser humilhado todos os dias pelo governador, principalmente num determinado dia do mês, o dia do pagamento. E ser esquecido pela sociedade. Isso tudo é muito fácil.

Do que somos feitos?
Há tanto tempo que isso acontece que nos acostumamos. Acostumamos a sermos chamados de cachorros do governo. Mas o apelido tem razão de ser: Sobrevivemos de migalhas e quando o governo precisa, só um assovio é suficiente para que tomamos a linha de frente em sua defesa.

De que somos feitos? Respondam!
O que leva um policial, um bombeiro a recusar-se sair de casa e ir para praça lutar por sua dignidade? De levantar uma simples bandeira ou faixa, de caminhar 200 metros? Isso sim é difícil.
Se sair de casa em sua própria cidade é dificil, imaginem, os que sairam de São Paulo, Minas Gerais, Espírito San to, Mato Grosso, Sergipe? Imaginem aqueles que atravessaram o país seja para Brasília, seja para o Rio de Janeiro, como foi agora. Imaginem os reformados e pensionistas que enfrentam o perigo das estradas e lá sempre estão eles. Sempre as mesmas caras e rostos, sempre os mesmos.
Onde estão nossos comandantes que vendo a tropa passar privações ficam sempre do lado do Governo? Ninguém tirará seus direitos, suas promoções ao apoiar suas tropas e exigir respeito e dignidade do Governo.
Será que vamos assistir impassíveis, sermos massacrados por alguns políticos e nada vamos fazer?
Não há força, não há mais voz para gritar. Só uma pergunta a responder: De que você é feito?
SD PM Fernando Almança

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