“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão
trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a
sentinela” (Salmos 127:1).
Antes de mais nada, quero tornar
claro que esse texto não tem a pretensão de marcar posicionamento definitivo
sobre as pautas de negociação, somente a categoria poderá fazê-lo. Em segundo
lugar, o meu pensamento não reflete, em sua integralidade, os pensamentos de
todos os membros da Associação dos Militares do Estado do Acre (AME/AC) que
deverão discutir os pontos a seguir em uma futura assembleia geral.
Com a chegada de mais um ano
eleitoral, muito se acredita que as portas do Governo do Estado estarão abertas
para qualquer negociação e que as pautas salariais e reivindicações de melhores
condições de trabalho serão mais facilmente atendidas. As mazelas políticas
pelas quais passa o governo e a crescente perda de legitimidade política frente
aos servidores públicos estaduais também ajudam a criar um cenário “aparentemente
favorável”, apesar de, particularmente, não acreditar nessas facilidades. Mas o
que nossos representantes pretendem levar para as mesas de negociação?
Diante de tantos problemas
enfrentados pelos militares nos últimos anos, várias das pautas levantadas
junto à categoria perpassam anos ou décadas e ainda assim não foram atendidas.
Entretanto, é unânime entre os policiais e bombeiros militares o desejo de
reajuste salarial que compensem as perdas acumuladas e, ao mesmo tempo,
proporcione um ajuste entre os postos e graduações. A isonomia do risco de vida
no ano passado apresentou um avanço, mas trouxe também um problema sério ao
achatar e praticamente tornar também isonômico o salário entre algumas
graduações. Para termos uma ideia e um exemplo, a diferença salarial entre um
2º Sargento e um 1º Sargento será de R$ 9,46 (nove reais e quarenta e seis
centavos) a partir de abril desse ano. O mais sensato neste caso seria o
estabelecimento de um percentual que vincule o salário do coronel ao de toda a tropa
até ao aluno soldado, se não, que pelo menos exista uma diferença que equalize
a responsabilidade da graduação e posto com o tempo de serviço.
Outro problema muito discutido na
Caserna diz respeito aos níveis de 3º sargento. Criados para que o salário
compensasse o tempo de espera para abertura do Quadro Organizacional (QO) nas
instituições com previsão de até 15 anos em uma mesma graduação, os valores
irrisório distribuídos entre os níveis não colaboram para diminuir as
expectativas de promoções. Com um QO estagnado e que não oferece muitas
esperanças para as turmas mais antigas da PM e do Corpo de Bombeiros, essas
questões se avolumam e criam um alto grau de descontentamento dos militares com
o governo e com os Comandos.
E já tratando sobre Quadro
Organizacional, talvez essa pauta seja a que dará mais dor de cabeça para os
integrantes da AME/AC e da Associação dos Praças do Corpo de Bombeiros
(APRABMAC). A falta de estabelecimento de percentuais entre os postos e
graduações, torna, na prática, essa pauta em uma luta segmentada, sobretudo,
entre oficiais e praças e entre oficiais combatentes e administrativos. A busca
para se chegar mais rapidamente a um nível hierárquico, faz com que a corrida
seja dada, em muitos dos casos, nos bastidores e nesse ponto os praças
geralmente perdem. A exemplo do que aconteceu no ano passado em que a
reformulação do QO do Corpo de Bombeiros resultou em apenas uma vaga para
coronel, a falta de amarras políticas e legais e as dispersões em uma discussão
mais atenta como categoria poderá criar mais uma vez distorções sérias nas
estruturas hierárquicas das duas instituições. Nessa querela interna quem se
beneficia é o governo, pois não observa a necessidade de um boa estrutura
organizacional, mas em quanto essa mesma estrutura vai lhe custar.
Pelo menos mais duas pautas
acaloram as conversas nos bastidores da instituição a mais de uma década e que
podem ser resolvidos sem envolver impactos na folha de pagamento do Estado. A
primeira delas é a escala de serviço. Sem previsão legal para uma jornada de
trabalho mais humana, militares já chegaram a trabalhar mais de setenta e duas
horas semanais enquanto a Constituição Federal prevê o máximo de 44 horas para
um trabalhador comum. Além da sobrecarga absurda, os militares ainda levam um
agravante sobre os civis, aqueles trabalham durante à noite. Contudo, veio de
Feijó e de Sena Madureira um belo exemplo de como a administração e o comando
de um batalhão podem favorecer seus agentes aplicadores da lei. Nas terras do açaí
e do mandi, a escala dos militares que tiram serviço de rua está de 12x24 e
12x72, já para os serviços de guarda 24x72. Uma bela forma de compensar os
transtornos causados pelos serviços estressantes das ruas.
Regulamento Disciplinar. Ruim
desde 1985, o RD da PM e o menos velho RD do Corpo de Bombeiros representam um
atraso que precisa ser mudado. A prisão administrativa que em algumas
instituições coirmãs de outros estados decretaram inexistência, no Acre ainda
continua a vigorar e fazem pais e mães de família correrem o risco de serem
presos por faltas irrisórias, retirando de um problema mínimo, a restrição da
liberdade. O projeto de lei de autoria do deputado Major Rocha que viria a
sanar grande parte dos problemas está parado por articulações políticas na Casa
Legislativa. Duas questões podem ser levantadas aqui: ou isso se resolve em uma
mesa de negociação agora ou os militares passariam a pressionar os legisladores
estaduais a aprovar o projeto de lei marcando presença nas sessões legislativas
e conversando com todos os deputados, em ambos os casos, a força da categoria
poderia resolver.
Constantemente nossas instituições
são alvos de especulações, nos últimos meses, por exemplo, muito se falou em
aumento salarial linear para os servidores públicos em percentuais que oscilavam
entre 6, 10 e 15%. Os bastidores já começam a se aquecer e acredito que seja
necessário mantermos nosso foco em pautas que emerjam do seio da Caserna e caso
a proposta levantada pelo governo seja boa, a assembleia geral decidiria. Como
afirmei, este texto não pretende encerrar as discussões sobre pautas, mas
colaborar, em poucas linhas, na reflexão a respeito das negociações deste ano.
Joelson Dias é sargento PM e
tesoureiro da AME/AC.
Ufa, até que em fim, alguém acordou para falar alguma coisa sobre AUMENTO SALARIAL para os militares, parabéns Sgt Joelson Dias, vc é o CARA!!!
ResponderExcluirNa verdade Joelson a diferença e R$ 2,73
ResponderExcluirE o que pode ser feito na seguinte situação: Meu esposo vai ter o direito de passar para 1º SGT BM já em abril, mas como não há vagas, ele vai ficar na espera até que ela surja, então SGT Joelson, existe uma solução para esse imbróglio?
ResponderExcluirsenhores e senhoras eu não acredito que os senhores não tenham de fato propostas concretas pautas que realmente interessam aos militares por EXEMPLO: a RETIRADA do POSTO a mais na remuneração na hora de se APOSENTAR em contrapartida ACABAR COM O TRAVAMENTO DE AUMENTO DE SALARIO QUE SERIA, essa questão de VAGAS. pelo menos ate CAPITÃO. resolveria bastante coisa, tanto para aqueles que estão travando o fluido das promoções quanto para aqueles que entram na vida militar já sabendo onde poderá chegar. Porque os militares nem tem a promoção nem recebem nada quando acaba o interstício tem sargentos ai que estão a 4 anos como terceiro podendo receber um pouco mais como outras instituições na famosa pulada de letra. ou nível ou outras que querem copiar os militares com o nome promoção. mas, não interessa o que interessa e que estamos perdendo. alguém comenta ai essa ideia que pode ser pensada e analisada. alguém possa dizer se e possível ou não, sei que barreiras serão enfrentadas mas não custa nada tentar. NE meu Fiiiiiiiiiiii !!!!!!!!!
ResponderExcluirCaro Sgt Joelson, gostaria que nos informasse mais sobre as negociações de "bastidores" dos percentuais de aumento salarial ( 6, 10 e 15%) que vc mencionou no texto. No momento vc é o único militar que diz alguma coisa sobre as negociações de interesse de todos nós militares ativos e inativos. Solicito ao Sr. Moderador deste importante blog que não deixe de publicar este comentário, pois é de seu interesse também. Obrigado!
ResponderExcluirApós tantos anos vivendo sob o jugo do petismo de barranco, já deu pra aprender que essa escória não dá pra negociar nada! Tem que eliminar o problema: as eleições estão chegando e lá depositem todo o seu descontentamento contra esse bando que surrupia o Acre e empobrece seu povo.
ResponderExcluir