Negociação salarial

Documento que deveria ser entregue na segunda passada deverá ser protocolado na próxima segunda

A comissão formada pelas entidades representativas dos militares está encontrando algumas pedras pelo caminho. O documento endereçado a Ildor Graebner, secretário de segurança do estado, solicitando início imediato das negociações salariais, deveria ter sido protocolado na última segunda, dia 31,  mas terá que aguardar até a próxima segunda, dia 7.

Entre os militares a reclamação é forte. Somente no blog 04 de Maio, mais de dez mensagens são escritas por dia pedindo novas informações sobre a negociação, até o momento parada.

De acordo com os integrantes da comissão, a demora se deu porque Natalício Braga, presidente da Associação dos Militares Estaduais do Acre (AME/AC), protelou o máximo que pôde para não assinar o documento. Apesar de não ter mais a confiança dos milicianos, Braga foi chamado para compor a comissão para que a AME/AC também aderisse aos anseios militares, o que não está acontecendo. O sonho de unidade, assim parece estar distante.

“Ligamos para Natalício Braga, mas não conseguimos contato na manhã desta sexta (dia 04). Na última reunião que tivemos, ele tomou o documento e ficou de analisar a proposta”, afirmou o sargento BM Jusciner, presidente da Aprabmac.

Jogada Política

   

Alguns militares ouviram Natalício Braga afirmando que não queria transformar a negociação salarial em “palco político”. O que na verdade Braga deseja é tirar o deputado Major Rocha da questão. A relutância em assinar um simples documento [confira logo abaixo] não esconde o medo de aderir ao pedido da categoria e ferir os interesses do governo.

“Essa jogada a gente já conhece. Fui eleito pelos militares para representar a categoria, não vai ser o Braga ou o governo que vai me tirar dessa negociação. Tenho um compromisso com os Policiais e Bombeiros militares e não vou fugir dessa responsabilidade”, afirma o deputado Wherles Rocha.

Além da desculpa de não querer que a negociação seja um “palco político”, a direção da AME/AC também deseja fazer uma grande assembléia para saber se os militares desejam ou não a negociação salarial. Embora a comissão entenda como importante, isso leva a alguns perigos.

Não é preciso realizar uma assembléia geral entre os militares para afirmar que a categoria deseja aumento salarial. Essa atitude pode esconder a articulação para emperrar o início das negociações e jogá-la no “gargalo” de tempo de recesso da Assembléia Legislativa como aconteceu na última negociação cujo aumento foi apenas de 121 reais. Na oportunidade, a equipe da AME afirmou que o governo havia “batido o martelo” e que não iria aumentar a proposta, a categoria acabou por aceitar.

Os perigos

A AME pode ser protagonista de mais uma derrota dos militares frente às negociações. Se ela se inserir nesse processo, poderá fragmentar a comissão “por dentro” e fragilizar qualquer movimento que venha acontecer.

O voto também é importante dentro de uma negociação. Se o Braga já demonstrou de que lado está, os militares não podem ter dúvidas de para qual lado o seu voto penderá.

Com a recusa de Natalício Braga em assinar do documento, legitima a comissão para que leve o processo para frente sem a participação da AME. De acordo com o SD BM Abrahão, tesoureiro da Aprabmac, aconteceram diversos contatos com Braga por telefone, e-mail e pessoalmente. Não tem como alegar então que a comissão não o procurou.