Subcomandante da Polícia Militar vai para reserva remunerada na próxima semana

O coronel Paulo Cézar deverá deixar o cargo de subcomandante da PM no início da próxima semana, mais precisamente na segunda, 13, ou na terça, 14. A informação, que foi confidenciada para amigos nos últimos dias, partiu do próprio oficial através apresentação de documentos protocolados e despachados junto à Diretoria de Recursos Humanos da PM.

Dentro do Quartel do Comando Geral (QCG), os militares ainda não falam em festa de comemoração, por maior ambiguidade que tenha essa frase. Espera-se que uma pequena atividade seja realizada para a despedida do coronel entre funcionários civis e PM’s próximos.

Oriundo das fileiras do Exército (R-2), Paulo Cézar entrou nos quadros da PM do Acre em 1992 e é um dos últimos oficiais de sua turma que ainda estão na ativa. Comandou o batalhão de Sena Madureira e até hoje é lembrado e respeitado pelos militares da terra do mandim. Esteve à frente também do Comando de Operações Especiais (COE) e do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (CIOSP) onde deixou consideráveis melhorias no setor, através de projetos de aquisição de aparelhos modernos e espaço adequado para a realização de serviços. Mas foi no Comando de Policiamento Operacional (CPO) que passou a gerar algumas insatisfações na tropa.

Chamado de coronel PC pelas praças quando não estava por perto, ele reuniu em si as graças do governo e as articulações administrativas e operacionais da instituição e se notabilizou pelas implantações de modelos de policiamento polêmicos, como o de escalar dois PM’s por viatura, e pela liderança entre os oficiais superiores e subalternos, mesmo sendo, na época, um major.

Apresentação do oficial na PMAC, em 1992.

Militar focado em estudos de modelos de policiamento pelo mundo, o subcomandante ajudou a melhorar o Policiamento Comunitário e implantou modelo norte americano de dois policiais por viatura, conhecido como Cosmo e Damião, que desagradou a tropa inteira. Na época da adoção do modelo, o argumento era de que Rio Branco teria um espaço de cobertura policial melhor e o atendimento de ocorrências aconteceria em menos tempo.

Por outro lado, a tropa reclamava que o objetivo era atender aos interesses do governo em passar uma falsa impressão de segurança para a sociedade através de um modelo que não atendia ao princípio da superioridade numérica para os PM’s.

Outro fator levantado era de que as viaturas adquiridas pelo governo precisam ser utilizadas e o efetivo da PM era insuficiente para ocupar todos os carros. Nesse caso, a matemática era simples: 6 PM’s em duas viaturas significavam 3 viaturas ocupadas com dois PM’s. Depois de algum tempo, o modelo viria a ser bom para os empresários que passaram a alugar os carros para o Estado e, ao que tudo indica, tão cedo não irá mudar.

A liderança entre os oficiais sempre foi marcante. Em palestras quando major, Paulo Cézar se notabilizava em ser o expositor tanto para oficiais quanto para as praças. Ainda assim, passou algum tempo para entender como a política é importante para a carreira profissional.

Mesmo sagrando-se em primeiro lugar nos cursos que fez pela Polícia Militar, o oficial levou diversas cangalhas até se posicionar politicamente de maneira mais clara. Passou a reunir os oficiais e apresentá-los a figuras carimbadas da Frente Popular como o ex-governador Jorge Viana, Binho Marques e ao atual governador Tião Viana. Deixou de ser estritamente militar para ser também político, o que lhe rendeu algumas estrelas, mas não o comando da instituição.

Críticas à parte, Paulo Cézar saiu de uma instituição muito melhor do que aquela na qual entrou. Colaborou com a história da PM no Acre. Embora nem sempre tenha pensado no bem-estar daqueles que comandava, ainda leva o respeito da tropa e a PMAC perde um de seus oficiais mais inteligentes.