O medo tomou conta da capital do Acre. Imagine estar em sua casa, na periferia de Rio Branco, após um cansativo dia de trabalho, se preparando para jantar com sua família tranquilamente, e, de repente, ser ameaçado e espancado por cinco homens mascarados e armados, diante de sua esposa e filhos. Esta situação foi vivida pelo vereador Raimundo Vaz (PRP), mas acontece também diariamente com dezenas de trabalhadores que se tornaram reféns da falta de segurança.
Coincidência ou não, mas depois da briga entre as policias militar e civil, os índices de violência dispararam nos bairros da capital. Ladrões ignoram câmeras de segurança, cercas elétricas, segurança particular e agem com liberdade e extrema violência. Esta situação assustadora não atinge apenas as classes mais elevadas. Se tornou rotina também em comércios e residências humildes.
Na última quarta-feira, Raimundo Vaz, passou por momentos de terror, quando cinco bandidos invadiram sua casa, no bairro Calafate. Os criminosos forçaram o vereador a deitar no chão e apontaram armas paras as cabeças de seus dois filhos menores de idade. O vereador não descarta que o crime tenha ocorrido por represália às denúncias que fez na Câmara, sobre o avanço da criminalidade.
O vereador fez um desabafo sobre a ineficiência do sistema de segurança do governo do Acre. Vaz diz ainda que poderá deixar endereço que reside há mais de 20 anos, por temer que os criminosos voltem e uma tragédia ocorra com sua família. Ele revela que retirou sua esposa e filhos da casa e, só conseguiu dormir depois que teve garantias que o policiamento foi reforçado na área.
“Estou assustado, meus filhos estão traumatizados e minha esposa apavorada. Toda está situação aconteceu justamente no dia em que realizamos uma audiência pública para debater o avanço da criminalidade e a falta de segurança. Eu estava feliz da vida pela sessão, pensando que enfim, teria colocado o assunto de segurança de forma verdadeira. Foi notícia em todos os jornais”, diz Vaz.
Para Raimundo Vaz, há uma questão social muito forte movendo a criminalidade. Ele acredita que não se revolve o tema da violência, apenas com o combate punitivo, mas estaria faltando campanhas educativas, recreativa e de conscientização por parte das autoridades estaduais. Raimundo Vaz questiona ainda que estaria acontecendo uma falta de comando das forças policiais do Acre.
“A polícia hoje perdeu a qualidade, não pelo profissional, mas pela decisão de comando. Na hora que se cria uma cisão lá em cima, ela vai caindo até sua base. Se a pirâmide rachar em cima, a fissura vai chegar à base. A cidade ficou sem lei, no dia que a PM brigou com a Polícia Civil. Os bandidos ganharam confiança e ficaram rindo. Não é uma avaliação científica, mas prática”, enfatiza Vaz.
O presidente do PRP, Júlio César, (o Julinho) disse que vai levar o problema da falta de segurança ao governador Sebastião Viana (PT). Ele quer que a Secretaria de Segurança dê uma resposta, não apenas no caso de Vaz, mas em todas as ocorrências de assaltos e arrombamentos que não são registradas nas delegacias, “porque a população não acredita mais no sistema de segurança”.
“O PRP exige uma posição de quem está representando a Secretaria de Segurança. No caso do nosso vereador, todas as linhas precisam ser investigadas. Sou policial há 31 anos, sei que a partir do momento que o Vaz levantou o debate que o calafate estaria abandonado e sofrendo com a falta de segurança, os bandidos podem ter se reunido e decidido dar um susto nele”, suspeita Julinho.
O dirigente partidário afirma que bandidos podem ter montado uma estrutura de pode paralelo no Calafate. “Quando Raimundo Vaz resolveu mexer na ferida, os criminosos disseram: vamos dar uma acochada neste cara. Eu acredito que é uma ação criminosa organizada. O policial tem até medo de prender estes meliantes, porque quem pega processo é o policial que vai às ruas”.
Julinho acredita que “a partir do momento que um secretário passa mais de quatro anos num setor, ele se acomoda. Acho que o governador tem que tomar uma posição. Dentro da casa da gente quem manda é o homem e a mulher que precisam ter sintonia para educar os filhos. No executivo é a mesma coisa. Se o governante não tem sintonia com os secretários a coisa desanda”.
O presidente do PRP, partido aliado de Sebastião Viana, faz duras críticas, mas não cogita abandonar o projeto do governo petista. “Temos muita gente sem fazer nada, que deveriam ser colocadas nos bairros. Há falhas gritantes e falta de comando, tanto da PM, quando na polícia civil. Um exemplo é o caso de seu sobrinho, que se tornou um crime perfeito. A polícia nunca chegou ao corpo”.
O aliado de Sebastião finaliza fazendo um alerta ao cardeal. “Govenador abra os olhos, entre em campo, exija mais dos gestores de segurança. Está faltando ação dos secretários. As pessoas não registram os assaltos porque não acreditam mais no sistema de segurança. Tome as rédeas do problema e dê a resposta que a população espera de um governante comprometido”, desabafa Julinho.
Após finalizar suas declarações, Júlio César disse que é provável que seja acionado na corregedoria de Polícia Civil, na segunda-feira, por questionar os gestores de segurança. Os número mostram que a violência cresceu assustadoramente nos primeiros meses do ano. Mais de 10 execuções foram registradas. Os assaltos e arrombamentos se tornaram parte da rotina da população de Rio Branco.
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