POR PEDRO GUSTAVO
NUNES
Publicação: Blog do Altino
A exemplo de tantos outros reinados e impérios, o que convencionalmente vem sendo denominado “vianismo”, experimentou da ascensão ao apogeu, e agora demonstra uma fragilidade igual ainda não vista, perante uma desorganizada e atrapalhada oposição que, mesmo com restrito potencial bélico, luta contra um oponente arsenal político-financeiro construído pela coligação Frente Popular do Acre (FPA), apenas com coices e pontapés, e ainda assim coloca em cheque a supremacia de um grupo que um dia pareceu invencível. Uma era de boom econômico, grandes obras de infra-estrutura, resgate cultural, dentre muitos outros acertos de gestão. Mas o que pode ter colocado em cheque a política vianista da FPA, considerada por muitos o período de maior avanço da história do Acre?
A história dos movimentos políticos, desde os tempos mais remotos, sempre evoluiu, mesmo que lentamente, em busca da democracia plena, ainda que a sua plenitude nunca tenha sido efetivamente alcançada. Pelo menos não no cenário nacional ou acreano. E o raciocínio é óbvio: para que os iguais existam necessita-se manter um exército de desiguais. Em um cardume de milhares de peixes, todos os milhares são iguais, enquanto que em uma matilha de brasileiros uma minoria tem pedigree à revelia da maioria de vira latas.
O maior equívoco da política inovadora da FPA (acho o termo popularismo mais adequado que vianismo) foi segregar a sociedade em castas, num apartheid social-democrático, dando uma retórica colonial ao que chamou-se de inovação. Os desiguais integrantes da maioria esmagadora, legitimando os iguais, dando-lhes carta branca (votos) em permissiva subordinação, delegando a minoria elitista a pensar por todos.
Em um Estado democrático de direito o conceito parece ser bastante simples. A vontade da maioria prevalece. O poder emana do povo que escolhe gestores públicos de cargos eletivos cíclicos e, a cada novo ciclo, a sociedade organizada e teoricamente civilizada reconstitui o novo ciclo como em um movimento de translação. Para dar continuidade a esse ciclo, existem as eleições.
Mas o que temos percebido, há tempos, é que o ciclo é mais teórico do que prático. Na verdade subtrai-se o direito do cidadão de pensar. Pelo menos o direito dos desiguais. Estes não têm a opção de pensar, pois estão reféns de programas sociais, cargos comissionados e de falsas promessas. Doar o voto é garantia de sobrevivência, mesmo que seja por mais um dia. Um desigual ao negar seu voto ao popularismo, está trocando a garantia da vaidade de um igual por um futuro incerto. E se ele se rebela a pensar, poderá estar permutando o sustento de sua família pela sua alforria intelectual. Portanto, não há interesse em dar cidadania aos desiguais, pois a cidadania é a fonte do pensamento, é o ponto de partida dos questionamentos, é onde os desiguais se tornam iguais, onde o coletivo prevalece sobre o individual.
Para quebrar esse vício há que ter coragem. Jamais enxergaremos o que há além do lulismo, vianismo, popularismo ou seja lá o adjetivo que for, se não arriscarmos rasgar as cortinas vermelhas. Pode ser que se encontre o paraíso. Como também, há o risco de adentrarmos num ciclo apocalíptico. Arriscar é preciso. Já conhecemos as trevas. Todo brasileiro conhece as trevas. Ou veio dela, ou está nela ou próximo dela.
Mas pouquíssimos são os desiguais que tiveram a oportunidade de conhecer o paraíso. “Penso, logo existo”, as palavras proferidas pelo francês René Descartes, em meados do século XVII, deveria ser adotada como um grito de guerra por todos brasileiros, ruindo desde o Reich popularista da FPA até o caudilhismo dos Sarney, e assim quem sabe, a era dos desiguais, se torne apenas mais um triste capítulo de nossos livros de história.
Pedro Gustavo Nunes é médico veterinário e servidor público estadual
A exemplo de tantos outros reinados e impérios, o que convencionalmente vem sendo denominado “vianismo”, experimentou da ascensão ao apogeu, e agora demonstra uma fragilidade igual ainda não vista, perante uma desorganizada e atrapalhada oposição que, mesmo com restrito potencial bélico, luta contra um oponente arsenal político-financeiro construído pela coligação Frente Popular do Acre (FPA), apenas com coices e pontapés, e ainda assim coloca em cheque a supremacia de um grupo que um dia pareceu invencível. Uma era de boom econômico, grandes obras de infra-estrutura, resgate cultural, dentre muitos outros acertos de gestão. Mas o que pode ter colocado em cheque a política vianista da FPA, considerada por muitos o período de maior avanço da história do Acre?
A história dos movimentos políticos, desde os tempos mais remotos, sempre evoluiu, mesmo que lentamente, em busca da democracia plena, ainda que a sua plenitude nunca tenha sido efetivamente alcançada. Pelo menos não no cenário nacional ou acreano. E o raciocínio é óbvio: para que os iguais existam necessita-se manter um exército de desiguais. Em um cardume de milhares de peixes, todos os milhares são iguais, enquanto que em uma matilha de brasileiros uma minoria tem pedigree à revelia da maioria de vira latas.
O maior equívoco da política inovadora da FPA (acho o termo popularismo mais adequado que vianismo) foi segregar a sociedade em castas, num apartheid social-democrático, dando uma retórica colonial ao que chamou-se de inovação. Os desiguais integrantes da maioria esmagadora, legitimando os iguais, dando-lhes carta branca (votos) em permissiva subordinação, delegando a minoria elitista a pensar por todos.
Em um Estado democrático de direito o conceito parece ser bastante simples. A vontade da maioria prevalece. O poder emana do povo que escolhe gestores públicos de cargos eletivos cíclicos e, a cada novo ciclo, a sociedade organizada e teoricamente civilizada reconstitui o novo ciclo como em um movimento de translação. Para dar continuidade a esse ciclo, existem as eleições.
Mas o que temos percebido, há tempos, é que o ciclo é mais teórico do que prático. Na verdade subtrai-se o direito do cidadão de pensar. Pelo menos o direito dos desiguais. Estes não têm a opção de pensar, pois estão reféns de programas sociais, cargos comissionados e de falsas promessas. Doar o voto é garantia de sobrevivência, mesmo que seja por mais um dia. Um desigual ao negar seu voto ao popularismo, está trocando a garantia da vaidade de um igual por um futuro incerto. E se ele se rebela a pensar, poderá estar permutando o sustento de sua família pela sua alforria intelectual. Portanto, não há interesse em dar cidadania aos desiguais, pois a cidadania é a fonte do pensamento, é o ponto de partida dos questionamentos, é onde os desiguais se tornam iguais, onde o coletivo prevalece sobre o individual.
Para quebrar esse vício há que ter coragem. Jamais enxergaremos o que há além do lulismo, vianismo, popularismo ou seja lá o adjetivo que for, se não arriscarmos rasgar as cortinas vermelhas. Pode ser que se encontre o paraíso. Como também, há o risco de adentrarmos num ciclo apocalíptico. Arriscar é preciso. Já conhecemos as trevas. Todo brasileiro conhece as trevas. Ou veio dela, ou está nela ou próximo dela.
Mas pouquíssimos são os desiguais que tiveram a oportunidade de conhecer o paraíso. “Penso, logo existo”, as palavras proferidas pelo francês René Descartes, em meados do século XVII, deveria ser adotada como um grito de guerra por todos brasileiros, ruindo desde o Reich popularista da FPA até o caudilhismo dos Sarney, e assim quem sabe, a era dos desiguais, se torne apenas mais um triste capítulo de nossos livros de história.
Pedro Gustavo Nunes é médico veterinário e servidor público estadual
Caraca maluco!
ResponderExcluirDisse tudo e mais alguma coisa.
Que texto impecável !