sábado, 11 de setembro de 2010

Saiu nos jornais

Fim do Policiamento Escolar deixa educadores em pânico com onda de violência


A notícia de que o Policiamento Escolar do Acre foi extinto, caiu como uma bomba nas escolas de Rio Branco. Criado em 2008, depois que um aluno foi assassinado dentro do pátio da escola Berta Vieira, no bairro São Francisco, em Rio Branco, o programa nasceu com a esperança de frear a onda de violência e, principalmente, o tráfico de drogas entre a comunidade estudantil.
Desde a implantação, segundo o levantamento anual da Companhia Independente do Policiamento Escolar, somente em palestra nas escolas foram realizadas mais de 4.800 visitas. De janeiro a julho deste ano, os agentes conseguiram contabilizar e minimizar 171 conflitos entre alunos que vai desde a simples ameaça, porte de arma, atentado violento ao pudor, lesão corporal, receptação (roubo) entre outros e um total geral nos dois primeiros anos (2008/2010) de nada menos que 8.251 ações preventivas.
Preocupados com o fim do programa, um grupo de diretores, coordenadores pedagógicos, professores, pais de alunos e grêmios estudantil, estão se mobilizando para garantir que o trabalho dos policiais da escola, como são mais conhecidos, continuem atuando.
A coordenadora pedagógica, Dalzanira Oliveira, que trabalha na escola Berta Vieira, diz que o policiamento é o único elo de segurança que as escolas têm e que os alunos respeitam. Ela conta que é comum na escola do bairro São Francisco, que atende 1.500 alunos das comunidades adjacentes [Placas, Vitória, Eldorado. Apolônio Sales, Panorama e Quixadá], serem agredidos por marginais ou entre eles mesmos. “muitos deles têm envolvimento com drogas e chegam a andar armados em sala de aula”, a coordenadora. “Como é que nós educadores vamos mediar esse tipo de conflito sozinhos? Nós precisamos desse policiamento escolar e eles têm sido a única salvação para que as escolas ainda estejam funcionando. Eu temo pelo pior. Sem os agentes para mediar esses tipos de conflito na escola, muitos professores vão deixar de dar aula por medo e, os pais não vão mais deixar seus filhos virem á escola”, sentencia a educadora.
Já na escola João Aguiar, localizada no conjunto Manoel Julião, os educadores se reuniram na manhã desta quinta-feira, 09, para discutir como irão resolver conflitos como droga, álcool e a violência entre os alunos com o fim do policiamento na escola.
Para a coordenadora Maria Cecília Dantas, “não adianta chamar Ministério Público, Conselho Tutelar que eles não vem e nós sabemos que eles não tem estrutura para isso. Apenas o policiamento escolar aparece aqui quando são solicitados. Eles vêem imediatamente e resolvem logo o problema. Todo mundo, pais e alunos os respeitam. Eles se tornaram não só mediadores, eles são nossos amigos e são preparados e sabem conversar”, afirma.
Lamentando muito pelo fim do programa, o comandante do policiamento escolar, tenente José Ribamar Marques, disse que hoje mesmo, estaria distribuindo os 36 agentes e as 10 viaturas (motocicletas) que são mantidas pela própria secretaria de educação, entre os batalhões das 5 Regionais para atuar no combate o crime e violência no estado.
Segundo o oficial, “o policiamento escolar é um programa excelente, mas nós recebemos ordens de cima e não podemos fazer nada. Cabe a comunidade escolar se mobilizar e falar com o comando geral ou a própria secretaria de educação para tentar reverter isso. Eu só cumpro ordens”, disse.
Para o comandante geral da PM no Acre, coronel Romário Célio, a comunidade escolar pode ficar tranquila. "O que está havendo na verdade é uma descentralização do policiamento escolar que antes era cuidado apenas por uma pessoa. Agora, cada diretor de escola ao invés de ligar apenas para o policiamento escolar, vai poder ligar para a regional do logradouro de sua escola e que nossos homens irão atender”, afirmou.
Segundo ainda Romário Célio, “ainda hoje eu estarei com a secretária de educação Maria Corrêa, para explicar como o sistema de segurança nas escolas irá funcionar para não causar qualquer tipo de pânico ou desconforto entre os educadores”.

Salomão Matos, da redação ac24horas

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