sábado, 29 de agosto de 2009

Notícia publicada no jornal A Tribuna

Violência no Acre deixa população em desespero
Como diz o sociólogo Luís Antônio Francisco de Souza, “a pobreza não é causa da violência, mas, quando aliada à dificuldade dos governos em oferecer melhor distribuição dos serviços públicos, torna os bairros mais pobres mais atraentes para a criminalidade e a ilegalidade.”
E justamente essa é a dificuldade de o governo oferecer um bom trabalho de segurança pública que tem preocupado os acrianos. Por dia, são registrados mais de 20 assaltos, roubos ou furtos. No entanto, menos da metade desses crimes são solucionados. Há dificuldade até para o registro da ocorrência. Com as constantes quedas no serviço de internete, a rede da Secretaria de Segurança fica fora de operação. Muita gente só consegue fazer o registro depois de, pelo menos, três dias.
O guia contra a violência feito pela empresa de proteção ao crédito, Serasa, mostra que o crescimento do tráfico de drogas é também fator relevante no aumento de crimes. As taxas de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
A maioria dos assaltantes usuários de droga acaba roubando para manter o vício. Para isso, os marginais não escolhem onde e como será o crime, na maioria das vezes, acabam entrando ou assaltando o primeiro que encontram na rua.
Para um enfrentamento das causas, a participação de toda a sociedade – tanto cobrando soluções do poder público como se organizando em redes comunitárias de proteção e apoio, de desenvolvimento social e mesmo de questões de segurança pública – é um caminho apontado pelos especialistas. Não significa substituir as funções do Estado, mas trabalhar em conjunto.
E é importante não transformar o diagnóstico, a identificação das causas, em motivo para mais violência. Afirmar que as áreas urbanas mais desprovidas de recurso facilitam a criminalidade não significa dizer que os moradores dessas áreas sejam culpados. Na verdade, além de enfrentar condições precárias de subsistência, essa população ainda é a principal vítima de crimes violentos.
Rio Grande do Sul dá exemplo
Grande parte das ações necessárias está na gestão urbana, que compete aos municípios. Como a segurança pública é tarefa dos estados, é preciso haver integração entre políticas urbanas e políticas de segurança pública.
Os parlamentares do Acre poderiam tomar como exemplo o que foi feito no Rio Grande do Sul. A Câmara dos Deputados instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as causas da violência urbana. Segundo o relator da comissão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o grupo deve analisar três situações de violência: consumo de drogas, roubo e furto de veículos e roubo de cargas, como noticiado pelo jornal Zero Hora.
A comissão vai analisar ainda as condições de trabalho e o piso salarial dos profissionais de segurança pública, além das formas de financiamento do setor. E uma fala do relator traduz também o sentimento dos acrianos.
“Há na sociedade um sentimento de impunidade. Pelo excesso de recursos, pelo excesso de prazos, enfim, pelos mecanismos que o nosso arcaico processo penal oferece para que não se cumpram, de fato, as penas.”
No sul, também a maioria absoluta da população carcerária é composta por reincidentes, o que demonstra a ineficiência do Estado brasileiro de cumprir seu dever constitucional de ressocialização.

(Gilberto Lobo)

Um comentário:

  1. A violência tem crescido assustadoramente no Acre, e os acrianos já perceberam que a cada dia há um aumento da criminalidade, devido a um sistema de segurança que deixa a desejar, pela falta de recursos material e humano, aliado a falta de políticas públicas à população carente. Atualmente no Acre, até o centro da cidade deixou de ser um local para se passear com a família, porque a qualquer hora pode-se ser assaltado; e ainda vem esse governo ditador dizer que o Acre vai ser a melhor cidade para se viver! Ele esqueceu de terminar sua propaganda mentirosa que é: Acre, a melhor cidade para se viver com medo.

    ResponderExcluir

Evite palavrões. Dê seu apoio, faça a sua crítica, mas com respeito a todos.