A polícia, agora, vai trabalhar sob a eterna vigilância de câmeras que
nunca desligam. Essa tecnologia começou a ser usada pela polícia de Salt
Lake City, em Utah, e já foi adotada por outras 200 cidades americanas.
A oficial Garret diz que ama a câmera. E completa: “Se eu cometo
algum erro, se eu esqueço alguma coisa que disse, eu posso assistir à
gravação. Ver o que fiz e ouvir o que falei”.
As câmeras são instaladas nos capacetes, no boné, na ombreira ou
nos óculos. E registram tudo o que o policial vê e faz.
Todos os dias, quando termina o horário de trabalho, os
policiais têm que ir até a base para deixar os equipamentos. A partir
deste momento, as imagens já são descarregadas. E vão para a rede do
departamento de polícia.
A sargento Regina Holcombe, que coordena o uso de câmeras por
200 policiais de Chesapeake, mostra como as imagens ficam arquivadas nos
computadores.
“Aparece o nome do agente, o dia e a hora que tudo foi gravado.
Você até pode fazer alguma anotação na tela, destacar o rosto de um
suspeito, mas não pode alterar a sequência do vídeo de forma alguma”,
conta Holcombe.
O equipamento é muito importante para fiscalizar a conduta do
policial. Em um dos casos, o suspeito estava tomando bebida alcoólica na
rua - o que é proibido na cidade. A agente pede para ele parar.
O homem foge. Ela aciona a arma de choque. E consegue dominar o
suspeito. A ação foi correta? Os superiores é que vão dizer depois de
ver as imagens.
A microcâmera serve também para avaliar o comportamento do
suspeito. Em outro caso, a agente tenta dominar o rapaz, mas ele foge.
Logo em seguida é pego. Só que o homem rouba a arma de choque e dispara
contra a polícia. Até que chega o apoio e o suspeito, finalmente, é
dominado e algemado.
Tudo registrado. Sem margem para versões.
"No tribunal é muito importante porque mostra para o juiz o que
aconteceu de verdade. Se o testemunho do policial for diferente da
versão do réu, o vídeo tira a dúvida", conta a sargento Holcombe, que
implantou o sistema há poucos dias na polícia de Chesapeake e já teve
bons resultados.
São imagens que esclarecem mortes. O policial chega para atender
um chamado de violência doméstica. O suspeito está armado. O agente
pede para ele abaixar o revólver.
Não adianta. O policial dispara e mata o rapaz. O agente não foi
preso. A gravação mostrou que, antes de atirar, ele pediu dez vezes
para o suspeito jogar a arma fora.
No Brasil, a tecnologia já começou a ser usada. A primeira a adotar foi a polícia de Brasília.
“Nós começamos as pesquisas há, aproximadamente, um ano e meio.
Temos a ida aos Estados Unidos, o treinamento feito lá e o treinamento
sendo feito aqui a partir do início de novembro de 2012”, diz o coronel
Leonardo Sant´Anna, da PM do Distrito Federal.
O ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro Jorge da
Silva acredita que logo a ideia deverá ser adotada em outros estados.
“Acho que é um caminho inevitável. A tecnologia está aí para
facilitar a vida das pessoas, para facilitar a vida das sociedades. E,
no caso específico da segurança pública, para aprimorar esses serviços”,
afirma Jorge.
Paulo Storani, ex-integrante do Bope, a tropa de elite da
polícia do Rio de Janeiro, diz que a tecnologia pode ser usada como
aliada dos policiais, e levanta três pontos positivos: “A primeira
dimensão é o apoio policial em relação ao que está sendo feito naquele
momento, avaliar a técnica empregada e se a técnica está de acordo com
aquilo que foi feito nos treinamentos e na formação do policial. A
segunda é a fiscalização da ação policial propriamente dita. E a
terceira é o policial ter uma ferramenta para mostrar ou provar que a
ação dele foi correta diante das normas em uma possível denúncia que
poderia ser feita contra ele ou qualquer coisa que pudesse colocar em
dúvida a sua ação”.
Fonte: Fantástico
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