Oficiais e praças a serviço do Comandante Geral estão
checando informações de grupos de policiais militares no WhatsApp
Dois militares já foram ouvidos na corregedoria da Polícia
Militar por postarem informações nas redes sociais
Praças, oficiais, jornalistas, criminosos,
civis comuns. Nem sempre é fácil identificar de onde vem o perigo de ser delatado
a superior hierárquico e responder por crime militar ou transgressão
disciplinar por postagens nas redes sociais, sobretudo, no WhatsApp. Nos
últimos dias, pelo menos dois militares já foram ouvidos em sindicância para
apurar publicações que criticava o Comando da PM e a Secretaria de Segurança
Pública.
Em conversa com um dos
administradores de grupos militares e que não vamos revelar, a estratégia veio
da P-2, PM que tira serviço à paisana, e se estende ao próprio comandante e subcomandante
da PM, Coronéis José dos Reis Anastácio e Mário César. Em muitos desses grupos
de discussão e debates, os dois oficiais foram inseridos sem que a maioria dos
participantes saibam quem é quem.
- Em meu grupo eu tenho cuidado
de deixar apenas praças, na maioria soldados. Mas infelizmente tem PM que não
tem cuidado com as outras pessoas antes de inserir. Não é que oficiais sejam
todos iguais, tem muitos que são muito bons, são tropa, mas tem outros que foram
inseridos para observar as publicações com o intuito de lascar o policial, afirma
um administrador de grupo.
O Blog 4 de Maio recebeu algumas
recomendações por e-mail de um militar que afirma ter presenciado um
administrador de grupo mostrar para um oficial, superior imediato, um “print”
de uma publicação na qual um soldado da turma de 2009 realizava algumas
críticas ao comando da PM. De imediato, escreveu o PM, o soldado foi
identificado e passou a ser monitorado.
- Temos que ter cuidado com tudo.
Por vezes, eu publico uma coisa no meu grupo, quando percebo já está em outro,
inclusive de grupo com civis, onde tem traficante e outros criminosos. Já
chegamos a publicar imagens de um suspeito de praticar crimes, pegamos endereço
e tudo, e, quando chegamos para prender o cara, ele já estava longe. O que é
escrito de críticas e denúncias em um grupo não pode ser colocado em outro que
não seja de militares, observa o administrador.
É comum também que jornalistas a
fim de obter pautas para matérias, sejam inseridos sem que os policiais saibam,
esses também pouco se manifestam e sua identificação no próprio grupo é
confusa, tudo para despistar o restante do grupo. De forma clara, nem sempre
todas as pessoas que não são militares tem o interesse de prejudicar um
policial, muitos jornalistas, por exemplo, abraçam a causa, mas é um risco de
que corre ao publicar “certos” conteúdos.
Em outro casos, até promotor de
justiça já chegou a participar de grupos militares no WhatsApp. Não demorará
muito e o Ministério Público irá fazer sua checagem literal em muitas
conversas. Olho vivo e faro fino.