sábado, 15 de maio de 2010

Greve da Educação acaba; mas outras categorias prometem parar


Os movimentos grevistas começaram a passar por momentos bastante controversos no Estado. Depois de um mês de abril avassalador de greves com mais de um mês, paralisações e muitos indicativos, alguns movimentos continuam nas advertências, alguns ganharam mais força, enquanto outros a perderam de vez.
Ao todo, foram 9 categorias com a idéia (algumas passaram disso) de ‘gre-vear’ na cabeça, num momento que reuniu mais de 40 mil trabalhadores (valor calculado sem levar em conta o percentual de efetivos que não param para manter serviços essenciais). Se considerados os movimentos de março e abril, tais valores passam de 15 classes.

Controvérsias, confusões e o final da maior greve
Marcado pelo grande número de trabalhadores e de eventos (falta de aulas, discursos ‘mal interpretados’ e até erros ortográficos), certas greves se instalaram com a promessa de não parar até obterem acordos. Após vários dias, o cansaço e propostas mais dignas foram vencendo tais categorias, que acabaram com o movimento. Elas são:
Professores (Sinplac e Sinteac) - Marcada como a greve que reuniu o maior número de servidores (2 mil professores licenciados do Sinplac e 36 mil educadores do Sin-teac), a paralisação dos professores durou 30 dias (Sinteac entrou depois no movimento): 15 de abril até ontem. Eles pediram 10,96% de reajuste, referente ao índice de inflação de dois anos, entre outras pautas. O Governo do Estado ofereceu uma proposta de 10% aos docentes, que acabaram aceitando (e como uma ‘vitória’ do movimento).

Eletricitários - Os eletricitários ameaçaram parar os serviços desde o início da semana. Depois de paradas de advertência de 24h (Eletronorte) e 48h (Eletroacre), os servidores ameaçaram ‘grevear’ por 72h na segunda. Entretanto, ontem eles decidiram suspender a paralisação para esperar a proposta de pagamento de PLR (Participação dos Lucros e Resultados, principal item cobrado) prometida pela Eletrobrás para sexta-feira (21). Se a proposta não sair até lá, a corrente de eletricitários será reaberta.

Sindsat - Parte dos servidores da Administração Direta do Governo do Estado entraram em greve. De 20 categorias, 4 cruzaram os braços: SGA, Seplan, Acreprevidência e Gabinete Civil. O movimento ameaçou chegar às secretarias e órgãos governamentais restantes, mas eles logo negociaram com o Governo e desistiram da idéia. Eles pediram a reformulação do PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) de 2001 e a concessão do reajuste anual de 4,7% (superior) também aos servidores de médio. No total, as 20 secretarias totalizam 2.500 servidores, dos quais 500 pararam por alguns dias.

A garantia de que as greves não acabaram
Enquanto algumas categorias voltam ao trabalho, outras seguem ameaçando deflagrar greves e paralisações. De certa forma, trata-se da garantia de que os movimentos grevistas não acabarão tão cedo (ou seja, mais dor de cabeça à população). Elas são:

Saerb - Os servidores do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco mal saíram de uma semana de paralisação e já pensam em greve por tempo indeterminado. O representante da categoria, José Janes, afirmou, em assembléia geral, ontem, que eles decidiram colocar em votação uma paralisação indeterminada. A decisão será tomada em nova assembléia, marcada para quinta (20). O Saerb possui 180 servidores. Ao contrário das demais categorias, eles não reivindicam reajuste salarial, mas sim melhorias nas condições de trabalho e o aumento do valor repassado como auxílio alimentação.

Policiais Civis/Agepens - Na Polícia Civil, cerca de 320 trabalhadores ameaçaram greve ontem, na praça Eurico Gaspar Dutra, em frente à Aleac. Eles pedem a aprovação da PEC unificada 300-446, que eleva o salário dos policiais e bombeiros ao piso de Brasília. Além disso, eles também cobram o fim da Lei Estadual 2.250, que eles chamam de ‘a usurpadora dos melhores benefícios salariais’ (puladinha de 3 anos e obtenção do salário máximo em 24 anos). Ao todo, a Polícia Civil totaliza quase 1.300 servidores. Eles votam paralisação de 70% de efetivos para quarta-feira que vem, dia 19.
Já os cerca de 880 agentes penitenciários do Acre também seguiram o movimento da PC e já ameaçaram a paralisação geral para quarta-feira (19). Os agepens defendem a aprovação da PEC 308/04 (criação das polícias Penais Federal e Estadual: maior sonho da classe) e pedem a abolição do novo Código de Conduta do Agente Penitenciário.

Incra - Os 300 servidores da autarquia também têm indicativos. Não é nada tão grave quanto às demais, mas há chances de greve. Segundo Pedro Vieira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços Públicos Federais (Sindsep), houve uma reunião com representantes do Ministério do Planejamento da União na última quinta (13). Sem acordo, a reunião marcaria a entrada do Assincra em paralisações. Só que os representantes se dispuseram a negociar e remarcaram uma nova negociação para terça (18). Com a queda do PL 549/09, de reivindicações os trabalhadores do Incra pedem isonomia salarial e equiparação com outras categorias do Governo Federal afins a eles.

Motoristas - A exemplo da classe anterior, os motoristas e cobradores ainda discutem um acordo sem que seja necessária uma greve. Até agora, as negociações do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo do Acre (Sinttpac) com as empresas já teve 4 rodadas mal sucedidas. Pela falta de acordo, eles entraram com pedido no MPT para intermediar o diálogo. Na segunda (17), eles se reúnem no MPT para renegociar com as empresas. Se não houver avanço, a partir de quinta (19) deve haver uma assembléia para votar a paralisação. Maior reivindicação: fim da intra-jornada.

Eles até chegaram a ameaçar
Além de todas as classes já apresentadas, várias outras categorias chegaram a ensaiar algum tipo de movimento durante março e abril. Foram paralisações de advertência, manifestos públicos e várias exigências de greve. Contudo, os governos Federal e local usaram de todas as suas artimanhas nas negociações e conseguiram firmar acordos, nem sempre satisfatórios, mas pelo menos consensuais.
Estas categorias foram os policias federais (Sinpofac: 220 agentes federais) e os agentes administrativos da PF (Sinpecf: 55 agentes de escritório); os trabalhadores em Saúde (Sintesac: mais de 6 mil servidores), médicos (Sindmed: mais de 500) e os enfermeiros/ técnicos (Spate: mais de 750). E janeiro, 125 vigilantes da empresa Vigher também ‘grevearam’ (a única paralisação do setor privado).

Sim, ainda estamos em greve!
Apesar de não serem numerosos no Estado, os especialistas ambientais e os servidores do Ministério do Trabalho (DRT/AC) são os únicos que ainda continuam em greve. Apesar da queda do PL 549/09 (congelamento dos salários federais), anteontem, na Comissão de Serviços Públicos e Trabalho, eles não abriram mão de lutar por direitos.
DRT - Com mais de 70 dias em greve (contando 45 dias em novembro e os 31 atuais), os 42 funcionários administrativos da DRT/AC estão 100% parados, à espera de uma sinalização da União. O pior é que continuam sem previsão para voltar. Eles pedem uma reestruturação geral no Plano de Carreiras para acabar com as ‘injustiças salariais’. A nível nacional, os mais de 11 administradores do MTE até já firmaram um pacto de receber a petista Dilma Rousseff com ‘apitaços’ em qualquer um dos 20 estados grevistas federais.
Ibama - Os 110 especialistas do Ibama chegaram ontem ao seu 37º dia de greve no Acre. Há uma controvérsia em virtude de uma decisão federal que exige a volta da classe ao serviço. Mas, enquanto essa ordem não chega, as greves seguem por todos os estados. Eles reivindicam a reestruturação da carreira dos servidores (isonomia salarial e gratificações), concursos públicos e o fim do sucateamento das unidades no interior. Na última terça (11), os analistas até entregaram os seus cargos e portarias de fiscalização no Acre.
Fonte: TIAGO MARTINELLO e DULCINÉIA AZEVEDO - Jornal A Gazeta

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